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Chile lança primeiro ônibus a hidrogênio para o transporte interurbano do país

Jornal de Floripa

Projeto foi desenvolvido pela agência estatal Production Development Corporation (Corfo) e pela empresa Foton, representada pela Andes Motor


ALEXANDRE PELEGI/ADAMO BAZANI


Em comunicado publicado nessa quarta-feira, 11 de outubro de 2023, a Andes Motor, empresa representante da fabricante chinesa Foton, no Chile, divulgou o lançamento do primeiro ônibus interurbano movido a Hidrogênio no país andino.


Segundo a empresa, o veículo começará a ser operado pela empresa de transporte Buses Hualpén, com apoio das empresas Anglo American (mineradora), Copec (energia) e Linde (gás).


O lançamento do ônibus a hidrogênio aconteceu em Lampa, Região Metropolitana da capital Santiago, com a presença de diversas autoridades do governo chileno.


O projeto foi promovido pela agência estatal Production Development Corporation (Corfo) e pela empresa chinesa Foton, através da Andes Motor.


O modelo tem capacidade para 47 passageiros mais o motorista, e está equipado com uma célula de hidrogênio SinoHytec G120 de 120 kW, elemento que utiliza o hidrogênio como combustível primário. Graças ao oxigênio, que funciona como oxidante, o hidrogênio produz eletricidade em forma de corrente contínua para ser armazenada em bateria de ferrofosfato de lítio CATL de 149 kWh. A energia é então utilizada por motores elétricos, o que torna o veículo, na prática, um ônibus elétrico. “No processo, apenas água e calor são gerados como únicos resíduos, eliminando emissões poluentes. Esta configuração permite um alcance de até 400 quilômetros com seus tanques de hidrogênio e baterias totalmente carregadas”, informa a Foton.


A Ministra da Economia do Chile, Javiera Petersen, referiu-se à importância da ligação entre empresas privadas para um projeto que está diretamente relacionado com a Estratégia Nacional de Eletromobilidade e Descarbonização: “Este marco fala de como as empresas privadas, num associativo, têm o compromisso de poder incorporar mais desenvolvimento tecnológico e mais inovações nos processos produtivos. Desta forma, não só nos permite avançar de forma decisiva para a neutralidade carbônica, como também demonstra que o dinamismo econômico pode ser gerado a partir de trajetórias sustentáveis em termos sociais, ambientais e econômicos.”

Um dos atores relevantes no projeto é a Anglo American, mineradora que tem promovido ativamente o desenvolvimento do Hidrogênio Verde no Chile.


Presente ao ato de lançamento, o vice-presidente de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade da Anglo American, Juan Pablo Schaeffer, realçou o compromisso da empresa com o desenvolvimento de instâncias que contribuam para a transição energética e com o objetivo do país em alcançar a neutralidade em carbono até 2040. “Nossa equipe de especialistas participará dos testes de campo e, embora num primeiro momento este ônibus opere com hidrogênio convencional, esperamos que – no futuro – este tipo de veículo circule com o H2 Verde pelas ruas do nosso país, por exemplo, nos transportes públicos. Este objetivo exige o comprometimento de todos”, disse Schaeffer.


PAÍS AVANÇA NA ELETROMOBILIDADE


A capital chilena tem atualmente mais de 2.000 ônibus elétricos, o que representa na prática 31% do total de seus veículos. Esses números colocam o Chile como a segunda maior frota do mundo depois da China. No momento, as autoridades chilenas garantem que mais 1.000 ônibus elétricos deverão ser incorporados à frota do país em breve.


O sistema de transporte público em outras localidades do país, como em Valparaíso, cidade da segunda região mais importante do Chile, se prepara para implementar ônibus elétricos ao seu sistema de transporte.

HIDROGÊNIO É DESTAQUE EM EVENTO MUNDIAL DE ÔNIBUS:


(por ADAMO BAZANI)


O hidrogênio é cada vez mais considerado pelas grandes fabricantes como uma das opções para os transportes não poluentes no mundo.


Foi o que a reportagem do Diário do Transporte pode constatar presencialmente na BusWorld 2023, maior evento de ônibus em nível mundial, que ocorreu em Bruxelas, na Bélgica, entre os dias 05 e 12 de outubro de 2023.


Quase todas as marcas de maior relevância tinham modelos que contam com hidrogênio seja como fonte principal para a movimentação do ônibus ou como forma de geração de energia para ampliar a autonomia das baterias.

Um dos exemplos é o modelo eCitaro Fuel Cell, lançado no evento pela Mercedes-Benz.


O veículo é um modelo elétrico com baterias do tipo plugin, que carrega conectado em tomada externa. Mas conta com cilindros de hidrogênio para gerar energia de forma auxiliar.


Com isso, a autonomia das baterias que seria entre 250 km e 300 km se o ônibus fosse somente com o carregamento plugin, sobe para cerca de 400 km.


HISTÓRICO – O HIDROGÊNIO EM ÔNIBUS NO BRASIL:

Foram apresentados em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, entre 2009 e 2015, quatro ônibus a hidrogênio, que chegaram a circular pelo Corredor Metropolitano ABD, entre a região do ABC e a capital.

O programa de ônibus a hidrogênio foi criado ainda em 1993, com participação do Ministério das Minas e Energia e recursos do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).

Os veículos estão parados na garagem da concessionária NEXT Mobilidade, na área correspondente ao projeto de hidrogênio da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), gerenciadora, sem continuidade dos estudos.

O projeto Ônibus movido a Célula de Hidrogênio tinha vigência inicial até 31 de março de 2016 e os três veículos mais novos circularam no Corredor ABD até início de junho de 2016.


Na ocasião, a EMTU foi designada para ser a Coordenadora Nacional do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, que entrou com o apoio financeiro do Global Environmental Facility (GEF), além de recursos provenientes da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), por intermédio do MME. Para o desenvolvimento de todo o projeto foram destinados US$ 16 milhões.

O primeiro ônibus foi apresentado em 2009 e chegou a transportar passageiros em 2010, como também mostrou o Diário do Transporte na ocasião.

O Diário do Transporte cobriu também a apresentação dos outros três ônibus.

Os veículos foram mostrados em uma cerimônia no dia 15 de junho de 2015, às 10 horas, na época da gestão de Geraldo Alckmin frente ao Governo de São Paulo.

A reportagem acompanhou as fases de testes.

No dia 10 de agosto de 2023, a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) e a USP (Universidade de São Paulo) anunciaram o início de um projeto com ônibus movidos à hidrogênio e a construção de uma estação para ter capacidade de produzir em torno de 5 kg do combustível por hora.

O hidrogênio é obtido a partir do etanol.

O projeto custou em torno de R$ 182 milhões. A estação conta com edifício, instalações e equipamentos.

As células a combustível produzidas pela estação geram eletricidade internamente a partir do hidrogênio.

Os testes envolveram três ônibus, que circularão pelo Campus da USP, na região do Butantã, zona Oeste da capital paulista, e um carro da Toyota que também participa do projeto, juntamente com a Shell, Raízen, Senai e Hytron.

Os ônibus já circularam pelo Corredor Metropolitano ABD, num projeto que não avançou, e foram reformados pela encarroçadora Marcopolo, por meio de um contrato de R$ 671 mil (R$ 671.624,79), como mostrou o Diário do Transporte no dia 11 de abril de 2023.

O governador Tarcísio de Freitas disse, em nota, que devem ser criadas leis e alterada a legislação atual para incentivar a produção de hidrogênio como combustível.

“Vamos estruturar a legislação, marcos regulatórios e fomentar essa produção para que a gente ganhe escala e São Paulo, de fato, seja líder na transição energética que vai diminuir nossa pegada de carbono e dar exemplo de sustentabilidade e economia circular. Estou muito feliz de ser testemunha do esforço, do talento e da criatividade do nosso pesquisador brasileiro, do nosso pesquisador paulista” Etanol e Hidrogênio:

A USP, o Senai e as empresas Shell Brasil, Raízen e Hytron assinaram em 1º de setembro de 2022, um acordo de cooperação para o desenvolvimento de duas plantas de produção de hidrogênio renovável a partir do etanol.

Serão construídas duas plantas dedicadas à tecnologia de produção de hidrogênio a partir do etanol, uma com capacidade para produzir 5 kg/h de hidrogênio e a outra quase 10 vezes maior, com capacidade de 44,5 kg/h.

Segundo a Universidade, o acordo também contempla a construção de uma estação de abastecimento veicular para os ônibus que circulam pela Cidade Universitária, em São Paulo. Com início da operação previsto para o segundo semestre 2023, a estação será um dos primeiros postos a hidrogênio do mundo, diz a USP.

O modelo utilizar hidrogênio produzido a partir do etanol e motores equipados com células a combustível (fuell cell). A iniciativa surge como uma solução de baixo carbono para o transporte pesado, incluindo caminhões e ônibus.

A tecnologia será desenvolvida e fabricada pela Hytron, do grupo alemão Neuman & Esser (NEA), com suporte do Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras do Senai Cetiqt.

A Marcopolo foi escolhida para atualizar a carroceria do ônibus movido a hidrogênio obtido do etanol no projeto entre a USP, Raízen e Shell.

Convênio no valor de R$ 671 mil (R$ 671.624,79) entre a encarroçadora e a USP – Universidade de São Paulo (USP/EP, Unidade EMBRAPII Poli USP Powertrain) foi publicado em Diário Oficial do Estado de São Paulo de 11 de abril de 2023.

A assinatura ocorreu um dia antes com validade por 12 meses.

O documento prevê a reforma de inicialmente um dos três ônibus modelo Viale a hidrogênio apresentados em 2015 em um projeto entre EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) e o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Se der certo, os outros dois ônibus devem ser reformados.

No projeto apresentado anteriormente no Corredor ABD, os veículos dependiam do hidrogênio obtido pelo processo denominado eletrólise que separa o hidrogênio da água.

Estudos iniciais da USP mostram que este procedimento, para a obtenção do combustível pode ser mais caro e mais poluente do que o hidrogênio a partir do etanol.

Alexandre Pelegi e Adamo Bazani, jornalistas especializados em transportes


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