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Estudo aponta demanda por investimento de R$ 7,76 bilhões em sistema de transportes na Grande POA
Estudo aponta demanda por investimento de R$ 7,76 bilhões em sistema de transportes na Grande Porto Alegre
Levantamento da CNI considera período até 2042 para distribuição dos recursos. Valor per capita para região metropolitana da Capital é inferior a R$ 100 por habitante ao ano
Estudo produzido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), intitulado Mobilidade Urbana no Brasil: Marco Institucional e Propostas de Modernização, aponta que o país necessitaria de investimento na ordem dos R$ 295,2 bilhões para estabelecer, até 2042, sistemas de transporte eficientes em suas 15 principais regiões metropolitanas.
Para a região metropolitana de Porto Alegre, a demanda de aporte para este segmento de infraestrutura está calculada em R$ 7,76 bilhões. De acordo com o estudo, a capital gaúcha e as cidades que se relacionam territorial e economicamente precisariam ampliar suas malhas metroviária e ferroviária.
A análise considera que a Grande Porto Alegre concentra cerca de 4,3 milhões de habitantes e possui um sistema de mobilidade desprovido de trens, com 44,6 quilômetros em extensão de linhas de metrô e com 56,3 quilômetros em extensão de linhas de BRT (Bus Rapid Transit), que são as linhas rápidas de ônibus que sofrem menos interrupções por estarem em faixas especiais de tráfego.
Para o professor do programa de pós-graduação em Planejamento Urbano e Regional da UFRGS, Eber Marzulo, a aplicação de recursos em sistemas de mobilidade urbana representa um acréscimo, não apenas em desenvolvimento econômico, mas principalmente em saúde, bem-estar e qualidade de vida.
— O investimento em infraestruturas de transporte, nesta perspectiva de regiões metropolitanas, gera impacto positivo para milhões de pessoas, produz acesso a bens culturais, educação, saúde, produtividade, trabalho e renda — afirma Marzulo.
Conforme o professor da UFRGS, o resultado positivo para a sociedade, oriundo de investimentos em equipamentos de transporte coletivo, independe da natureza da fonte ser pública ou privada.
Entretanto, ele pontua que o compromisso com a mobilidade é por excelência uma responsabilidade do gestor público, seja por destinar orçamento e planejar o objeto do investimento, seja por liderar e regular o investimento realizado mediante parceria com o setor privado.
— A regulação é fundamental e um grande desafio para as cidades. Assim como a gestão do lixo e do regramento sobre a mobilização do capital privado em investimento fundiário e imobiliário, a administração do transporte público é um elemento suscetível a descontrole, falhas de gestão e até corrupção — alerta.
Metrô e trens urbanos são modais recomendados para expansão
O estudo da CNI indica a demanda pela expansão na Grande Porto Alegre das linhas de metrô em 9,9 quilômetros sob estimativa de investimentos no valor de R$ 4,89 bilhões. Não recomenda ampliação no transporte por ônibus e sugere a criação de 10 quilômetros de linhas de trem mediante investimentos de R$ 2,87 bilhões.
Em um cálculo de proporção anual, dividindo-se os R$ 7,76 bilhões pelos próximos 19 anos, o investimento seria de R$ 408 milhões ao ano. Para o secretário do Mobilidade Urbana de Porto Alegre, Adão de Castro Júnior, trata-se de um investimento "modesto" diante da representatividade econômica e populacional da RMPA.
Contudo, segundo o secretário, investimentos em modais metroviário e ferroviário requerem "aportes robustos" para sua constituição e manutenção, sendo necessária a participação do Estado e da União.
— Para Capital e região, a qualificação de linhas rápidas, corredores de ônibus e pontos de parada, e, mais importante ainda, a integração entre as linhas metropolitanas e urbanas, com agregação efetiva da bilhetagem e enfrentamento da sobreposição de linhas, representam um projeto mais próximo da realidade — analisa.
Investimento é inferior a R$ 100 per capita ao ano na Região Metropolitana
Presidente da Associação de Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal) e prefeito de Esteio, Leonardo Pascoal destaca que a demanda por investimento estimada pela CNI ganha ainda mais concretude quando calculada pelo número de habitantes impactados.
— Parece um valor muito alto, mas se dividirmos pelo investimento per capita em nossa região, veremos que é um valor inferior a R$ 100 por habitante ao ano (o cálculo aponta R$ 94,88) — exemplifica.
Para Pascoal, que é economista de formação, o país carece de uma política nacional para estruturar investimentos permanentes em mobilidade urbana, definindo participações das cidades, dos Estados e da União.
— Investimentos desta magnitude não se dão do dia para a noite, nem podem ser realizados apenas pelo esforço individual dos municípios. É preciso dividir um grande problema em pequenos problemas e enfrentá-los de forma articulada, estruturada e permanente — afirma.
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