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O Globo

Prefeitura de Niterói conclui estudos sobre setor de transporte

Prefeitura de Niterói conclui estudos sobre setor de transporte: subsídio da tarifa de ônibus é ponto crucial


Entidade que representa consórcios reconhece deficiência no serviço e diz que acordo sobre valor da passagem é fundamental para recuperação das empresas


O estudo de equilíbrio econômico-financeiro e de sustentabilidade dos contratos de concessão do serviço público de transporte coletivo de passageiros por ônibus foi concluído, segundo a prefeitura, no final de julho. A avaliação é considerada o ponto chave para a reordenação da malha rodoviária em Niterói. De acordo com a Secretaria de Urbanismo e Mobilidade, o relatório encontra-se sob análise de outros órgãos municipais.


O Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj) espera que esta etapa seja logo concluída e que o documento seja apresentado formalmente no próximo dia 29, durante a segunda audiência especial de conciliação entre a prefeitura e os representantes do setor.


Na visão do presidente da entidade, Márcio Barbosa, sem todas as informações do estudo em mãos, os empresários não podem definir os rumos do transporte na cidade. Barbosa reconhece que nos últimos anos o setor apresentou defasagem no serviço ofertado, motivada, sobretudo, pela crise gerada pela pandemia de Covid-19 e pelo aumento constante do valor do combustível usado nos coletivos.


—Estamos otimistas em relação a este relatório. Estávamos há mais de três anos sem reajuste tarifário, e quando isso aconteceu a própria prefeitura reconheceu que a nova passagem não dava conta de tudo o que estava em jogo. Sabemos da complexidade do assunto. Por isso destacamos que o cenário não vai mudar de uma hora para outra, mas esse será nosso pilar. O subsídio da tarifa técnica é fundamental para a saúde do setor — diz.


Um ponto importante adiantado pela secretaria destaca que Niterói segue a estratégia adotada em grandes cidades do país para evitar o aumento de tarifa de ônibus, e por isso busca subsidiar a passagem dos usuários, como ocorre em São Paulo, que investe mais de R$ 5 bilhões por ano para manter a tarifa em R$ 4,40.


Sintronac se queixa

O objetivo, afirma em nota, é reduzir a tarifa pública da cidade, que hoje é de R$ 4,45, para R$ 4. A proposta tramita na Câmara dos Vereadores e aguarda para ser sancionada pelos parlamentares. No texto enviado, o Poder Executivo detalha que para obter o desconto na passagem o cidadão precisará estar cadastrado no Bilhete Único de Niterói. “A iniciativa da prefeitura também anula o impacto para o consumidor de um possível aumento da tarifa, previsto no acordo e pleiteado judicialmente pelas empresas de transportes, no qual a passagem iria de R$ 4,45 para R$ 5,15.”


Já o Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) afirma que não foi mais procurado pela prefeitura ou pelos responsáveis pelo estudo desde a reunião ocorrida no dia 17 de maio, quando a entidade apresentou propostas para uma reformulação do sistema de ônibus.


— Até hoje não temos informações sobre o que está sendo planejado. Já enviamos ofícios, mas simplesmente não obtivemos respostas. Parece que não há interesse algum em debater com a sociedade sobre qualquer projeto. Há uma total falta de transparência. Sobre o estudo, ainda não sabemos absolutamente nada. Nós, trabalhadores, esperamos que não tenham esquecido de nós na hora de elaborar a planilha de custo das empresas, pois, quando chegar a data-base, que é em novembro, se a categoria decidir por greve, espero que ninguém fique se lamentando e dizendo que foi surpreendido. Os trabalhadores não são robôs, já tivemos enormes perdas durante a pandemia e queremos recuperá-las agora — afirma Rubens dos Santos Oliveira, presidente do Sintronac.


O serviço é alvo de constantes reclamações de quem precisa utilizar o transporte coletivo na cidade. Usuários afirmam que o tempo de espera e a lotação dos ônibus são os principais problemas atualmente.


Longa espera


Funcionário de uma pet shop em Icaraí, o tosador Carlos Albuquerque mora na Rua Riodades, no Fonseca, e precisa usar a linha de ônibus 49. Ele reclama que, além de ter que caminhar até as baias da Alameda São Boaventura, o tempo de espera pode levar 40 minutos:


— Estou sempre às 7h no ponto e raramente não tem fila, por causa da demora nos intervalos. E não adianta reclamar com despachante ou por telefone com a empresa. Eles dizem que esta é a grade oferecida e jogam a culpa no trânsito. Passamos por um sufoco diário.


Moradores de Santa Bárbara relatam que lá a situação é ainda pior. Segundo eles, a linha 62, que liga o bairro da Zona Norte a Charitas, na Zona Sul, leva uma hora para chegar.


— A situação é tão horrível que prefiro fazer baldeação. Gasto mais e não posso repassar isso para o meu empregador— relata Joana Siqueira.

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