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Raio-X do transporte público: como estão os entraves e avanços do serviço prestes a ser licitado em Passo Fundo

  • GZH
  • 8 de jul.
  • 3 min de leitura

Adesão pós-pandemia, consolidação da bilhetagem eletrônica e subsídio tarifário balizam o futuro do transporte coletivo na cidade


O transporte público de Passo Fundo é responsável por 740 mil viagens por mês no município. A modalidade, que já chegou a transportar 1,2 milhão de passageiros, teve uma redução de 38% desde a pandemia, em 2020.


A adesão atual pôde ser conhecida a partir da implementação do sistema de bilhetagem eletrônica, há quase um ano. O novo modelo de passagem substituiu as antigas fichas e se consolidou entre os usuários de ônibus. 


Ainda assim, a empresa Coleurb, que implementou o sistema, estima que quase um quinto dos passageiros ainda não aderiu ao método e segue pagando a passagem em dinheiro. Embora não seja obrigatório, o uso do cartão é incentivado para reduzir gradativamente o volume de dinheiro físico nos ônibus. Além de desestimular assaltos, o objetivo é quantificar passageiros e faturamento.


Das 740 mil viagens mensais, a Codepas é responsável por cerca de 93 mil. Já a Coleurb, que opera a maioria das linhas, faz em torno de 647 mil, das quais:


  • 83% pagam a tarifa cheia

  • 7% são estudantes e pegam meia

  • 10% usam o benefício da gratuidade.


Dos passageiros transportados, 18% ainda fazem o acerto em dinheiro. O percentual é acima da média quando comparado com outras cidades que também fazem uso do sistema eletrônico, afirma o gerente-geral da empresa Claudinei Bonifácio.


— Em outros lugares, o total do faturamento fica em torno de 5% a 6% de pagantes em dinheiro, então nossa estratégia é trazer esses usuários para o cartão eletrônico, por uma questão de segurança e de facilitação — diz.


O aumento de veículos emplacados em Passo Fundo revela um dos obstáculos para ampliar o uso dos coletivos. Segundo a Secretaria Municipal de Segurança Pública, a cidade tem em torno de 143 mil veículos — frota que aumentou 32% entre 2013 e 2023.


O percentual não acompanha o crescimento populacional, de 6% no mesmo período, o que demonstra que o número de carros por habitante tem crescido em uma proporção mais acelerada.

Essa tendência gera um efeito cascata: menos passageiros de ônibus significa queda no faturamento das empresas. Para que esse prejuízo não chegue ao bolso dos usuários, a prefeitura usa verba pública para subsidiar a diferença entre o valor técnico (R$ 6,65) e o valor real da passagem (R$ 4,95).


A tarifa técnica é calculada na divisão entre o custo do quilômetro rodado pelo índice de passageiros por km (IPK). Quando o valor da passagem é menor que esse resultado, o subsídio é usado para manter o sistema. Com a tarifa real mais barata, o modelo de transporte se torna, na teoria, mais atrativo à população. 


A renovação do subsídio foi sugerida pela prefeitura e aprovada pela Câmara em 2 de julho, por 13 votos a 7. O gasto previsto é de R$ 1,5 milhão por mês aos cofres públicos. 


Bilhetagem eletrônica

Perto de completar um ano, a bilhetagem eletrônica em Passo Fundo se consolidou entre a maioria dos usuários do transporte coletivo. Em vigor desde agosto de 2024, o formato conta com 50.019 cadastros — a maioria dos passageiros são trabalhadores, ou seja, pagam a tarifa cheia de R$ 4,95.


A estimativa da Secretaria de Transporte e Serviços Gerais é que cada usuário faça, em média, três a quatro viagens por dia, o que representa um gasto entre R$ 14,85 e R$ 19,80 para quem paga a tarifa comum.

— A maioria dos usuários está na faixa de população economicamente ativa ou escolar. Isso vem ao encontro das políticas públicas para tornar o transporte coletivo municipal mais acessível e universal — disse o secretário Alexandre de Mello.


Repasse mensal

Apesar da tentativa de atrair o público ao transporte coletivo, o subsídio é alvo de críticas da oposição política, sob argumento de que, só ele, não garante a qualidade do serviço ou o congelamento da tarifa. Outro motivo de questionamento é o fato de Passo Fundo não ter uma licitação do transporte público, processo que se arrasta há pelo menos 20 anos na cidade.


Após adiamentos, a prefeitura garante que o edital será lançado ao longo do segundo semestre deste ano. De acordo com o município, o documento está em fase final de elaboração.


Questionado sobre a intenção de participar da concorrência, o gerente-geral da Coleurb, Claudinei Bonifácio, diz que a empresa vai trabalhar para atender aos requisitos do documento.


— A gente vai participar para ganhar — afirma.


Já a Codepas, empresa pública de economia mista, ainda tem o futuro incerto no setor de transporte: o edital precisará detalhar como vão ficar as linhas hoje operadas pela empresa. 

 
 
 

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